Entrevista: "Rio Fortuna não tem como dar errado"

O prefeito de Rio Fortuna, Neri Vandresen (PMDB), fala sobre o crescimento da cidade nos últimos anos, suas potencialidades, e os investimentos importantes, como a construção das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e o asfalto entre Rio Fortuna e Santa Rosa de Lima. Na entrevista, concedida com exclusividade ao jornal O Visor, Neri também avalia seu desempenho frente ao executivo municipal. Ainda fala sobre os projetos para este ano e a comemoração do Cinqüentenário da cidade.   

 

O Visor – Essa é sua primeira experiência no executivo. Como foi seu primeiro ano como administrador e como está sendo hoje?

Neri – O primeiro ano, como é natural, foi para se conhecer a estrutura da prefeitura, funcionários, e a situação financeira do município. Foi um ano difícil. A prefeitura tinha comprometimentos financeiros para honrar (financiamento junto ao Badesc), que se estenderam até o final de 2006. Apesar das dificuldades, conseguimos dar inicio a algumas obras, conservamos e mantemos as ações iniciadas pela antiga administração, além de dar continuidade a maioria dos projetos iniciados pelo ex-prefeito (Lourivaldo Schuelter – PMDB). Com o passar do tempo, você adquire mais experiência, entende como as coisas funcionam e torna-se mais fácil administrar o município. Além disso, adotamos programas que permitiram ampliar nossa receita, o que possibilita mais investimentos. Também é notório que nosso município cresceu e, como conseqüência, houve aumento na nossa arrecadação. Claro que também houve uma demanda maior na prestação de serviço públicos em todas as áreas, o que exigiu que nossa equipe encontrasse alternativas para atender a todos e com qualidade. Se alguém comparar Rio Fortuna em 2005 com 2008 verá quanto o município cresceu. O poder público não é o único responsável por isso, mas é um grande animador.

 

O Visor – O que o prefeito Neri queria ter feito e não conseguiu fazer?

Neri – Gostaríamos de ter trabalhado alguns pontos que considero de suma importância: saneamento básico e atenção ao agricultor. Temos conseguido recursos para drenar e pavimentar algumas ruas do centro, mas ainda há muitas a serem melhoradas. A drenagem e pavimentação embelezam as ruas, facilitam o escoamento da água das chuvas. Porém, não contemplam a parte de saneamento básico, na qual é necessário investir. Outro grande desafio é com relação ao nosso agricultor. É preciso dar mais incentivo ao homem do campo. Precisamos criar condições para que ele permaneça na sua propriedade, produza mais, e tenha uma vida digna. A situação dele não está precária, mas há muitas dificuldades. Confesso que já sentamos e discutimos quais seriam as melhores ações, porém não é um assunto simples. Muitas vezes depende de políticas públicas que não são do nosso município.

 

O Visor – Seu nome é o mais cotado para disputar a vaga de prefeito pelo PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro). Esse é o seu futuro político?

Neri – Eu faço o que gosto. Se hoje sou prefeito, fui secretário (da Saúde) e já fui vereador é porque gosto de estar junto do povo. Fico feliz quando posso fazer uma boa ação para uma família, uma comunidade, para o município. Meu nome está a disposição do partido. Eles é que vão dizer o que querem e o que o Neri precisa fazer. Daremos continuidade às ações da prefeitura e em julho, se o partido precisar e quiser, devo me licenciar para trabalhar na campanha política. Até lá, trabalharemos como se fosse qualquer ano.

 

O Visor – Durante este mandato, seu partido – o PMDB – enfrentou problemas internos com a disputa pela presidência do Legislativo e a saída de dois vereadores. Isto afetou sua administração?

Neri – Passamos por alguns momentos difíceis durante nossa administração, mas eu, particularmente, sempre tive consciência daquilo que estávamos fazendo. Tenho certeza de que fizemos o possível para que houvesse um entendimento entre as lideranças, o que nem sempre foi possível. Tenho certeza de que Rio Fortuna não perdeu com isso. A administração continuou, houve alguns empecilhos, mas nada que viesse a atrapalhar a administração como um todo. Hoje, acredito que todo o grupo está novamente caminhando em busca do mesmo objetivo: o desenvolvimento de Rio Fortuna.

 

O Visor – Como você vê o município de Rio Fortuna hoje?

Neri – Vejo Rio Fortuna com um grande potencial a ser explorado. Rio Fortuna está crescendo. Caminha a passos largos e daqui a alguns anos será melhor ainda, não tenho dúvidas. Investimentos como a construção das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e o asfalto entre Rio Fortuna e Santa Rosa de Lima devem impulsionar ainda mais o desenvolvimento não apenas do nosso município, mas de todo o vale do Rio Tubarão. Rio Fortuna ainda tem muito a crescer. Temos uma economia bem diversificada, hoje com destaque na produção leiteira, o que também impulsiona nossas industrias de laticínios. Produziremos nossa energia, o que deve atrair mais empresas para a região. No turismo ainda temos muito a caminhar. Temos o potencial, como as águas termais, por exemplo, mas ainda faltam investimentos direcionados nesse setor. De uma coisa tenho certeza: nosso município não tem como dar errado. Temos o principal: um povo trabalhador e um grande potencial.

 

O Visor – O que falta para impulsionar o turismo em Rio Fortuna?

Neri – Talvez seja preciso que as pessoas que tem condições financeiras para isso invistam no turismo. Temos que melhorar muito nossa estrutura. Precisamos de hotéis, pousadas, restaurantes com refeições diversificadas, além de outros atrativos. Tenho certeza que a conclusão do asfalto entre Rio Fortuna e Santa Rosa de Lima e o funcionamento das PCHs irá impulsionar o turismo na cidade. Estamos num local privilegiado. Rio Fortuna fica próximo de São Luiz, comunidade da Serva Albertina, de Santa Rosa de Lima, que já desenvolve um bom trabalho no turismo. Ainda somos vizinhos da serra e estamos a menos de cem quilômetro do litoral.

 

O Visor – Rio Fortuna vem ganhando destaque com a construção de PCHs. São obras que, ambientalmente, não agradam muito, e causam na população local um certo receio de novas enchentes. Como você vê esses investimentos para o município?

Neri – Vejo como fatores importantíssimos para o desenvolvimento da região. Na fase de construção, é normal termos alguns transtornos. Após a conclusão das obras, tudo será compensado. A "agressão" ao meio ambiente fica visível nos locais de construção das PCHs. Porém, toda área que não ficará sob a água será recuperada pela própria empresa. Acredito, inclusive, que a recuperação e conservação das áreas próximas às barragens poderá trazer animais já desaparecidos. As PCHs vão gerar energia, o que significa desenvolvimento e melhoria na qualidade de vida, além de favorecer o turismo. Com relação a enchentes, não tenho essa preocupação. Já vi o projeto e acredito que as barragens podem trazer até mais segurança. Principalmente a PCH São Maurício que foi projetada para que as comportas se abram a medida que o nível da água subir. Claro que fatos desta natureza podem voltar a ocorrer, mas não acredito que as PCHs seriam as grandes responsáveis por isso.

 

O Visor – Quais as prioridades da administração para este ano?

Neri – Temos algumas ruas a serem drenadas e pavimentadas. Vamos dar seqüência às obras de conclusão da Avenida Sete de Setembro, principalmente a pavimentação asfáltica de trecho dela. Pretendemos agilizar a vinda do serviço de telefonia celular, que até o final do ano deve estar disponível em Rio Fortuna. Ainda vamos adquirir dois ônibus para o transporte escolar, por meio do programa "Caminhos da Escola", do Governo Federal, e necessitamos de um novo veículo para a Saúde. Na parte de saneamento básico, temos projeto encaminhado junto à Funasa para melhoria de unidades sanitárias domiciliares. Mas, nossa grande prioridade para 2008, será a comemoração dos 50 anos de Rio Fortuna. Toda a equipe de governo tem se empenhado em fazer uma grande festa para cada morador da nossa cidade.

 

O Visor – E o que está sendo preparado para o Cinqüentenário da cidade?

Neri – Em 2008, como acontece a cada dois anos, teremos a Expofortuna. Este ano, porém, vamos antecipar a feira para junho (o evento era realizado na primeira semana de agosto). Junto à Expofortuna, teremos uma exposição de animais e concurso de gado. A Câmara deve fazer uma sessão solene para homenagear pessoas importantes para nossa cidade. Também teremos o lançamento de um livro sobre os 50 anos da cidade, seminários sobre jovens e a imigração alemã, exposição de fotos, sessão de cinema e peças teatrais. Será uma semana intensa de atividades para pessoas de todas as idades.

 

Fonte: Jornal "O Visor" – Abril, 2008.