Rio Fortuna receberá o projeto "Crê Ser"

Rio Fortuna recebe entre os dias 14 e 20 de maio o projeto "Crê Ser", uma iniciativa da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Apenas sete cidades catarinenses receberão o projeto que tem como proposta utilizar as artes visuais como instrumento de liberação da criatividade e fortalecimento da auto-estima, motivando crianças e adolescentes a pintarem seus desejos.

O programa é desenvolvido por meio da Lei Estadual de Incentivo de Cultura – o Funcultural, e prevê atividades em instituições de ensino públicas, uma mostra no Centro Integrado de Cultura (CIC), a produção de um catálogo e de um DVD. O projeto é coordenado pela artista Sofia Camargo, uma brasileira, que vive em Berlim, na Alemanha, onde realiza projetos de arte. Ela e o marido, Thomas Klasen, chegaram a Florianópolis em fevereiro. A primeira etapa do trabalho começou em março com pesquisas de reconhecimento do campo de intervenção. Sofia e Thomas percorreram todas as cidades contempladas: Blumenau, Rio dos Cedros, Treze Tílias, Bom Jesus, Maravilha e Rio Fortuna, retornando a Florianópolis.

O projeto já foi realizado em Rio dos Cedros, Blumenau e Treze Tílias. Entre os dias 28 de abril e 2 de maio estará em Bom Jesus. Na semana seguinte em Maravilha e depois Rio Fortuna. O clico encerra-se entre os dias 26 e 30 de maio em Florianópolis.

Em Rio Fortuna, o projeto "Crê Ser" será desenvolvido com alunos das escolas de Educação Básica Nossa Senhora de Fátima e Municipal Professor José Boeing. "Queremos dar esta oportunidade, que parece ser boa, a todos os alunos" explica a secretaria de Educação, Lílian Hemkemeier Seibert. De acordo com a diretora, pelo número de alunos que o projeto pretende atender será possível trabalhar com todas as turmas de primeira a nona série, inclusive as da escola Ambial. As oficinas serão no Centro de Geração e Renda. A prefeitura disponibilizará transporte para os alunos.

 

Oficina Crê Ser

O objetivo da oficina Crê Ser é utilizar a arte como instrumento de liberação da criatividade e auto-afirmação. "Desde o paleolítico, o homem tem o impulso de pintar seus desejos na esperança de realizá-los. É uma confirmação de atitude mental e emocional, ou seja, a passagem do plano ideológico para o concreto. O que as crianças querem ser serão inicialmente nos quadros. E, por que não, futuramente na vida, se realmente acreditarem em si mesmas", situa Sofia.

A artista trabalha com crianças desde 1988, no Brasil e na Alemanha, adotando técnicas lúdicas, dinâmicas, induzidas por sugestões comportamentais, ao invés de pictóricas. A metodologia inclui movimentos corporais (pintar voando, pulando, de olhos fechados),  vocalização de sons (pintar cantando a música preferida, o som do mar, a voz da mãe) e relaxamento infantil (rolar sobre o papel com tinta grudada no corpo, deitar no chão sobre o papel, pintar dançando com uma cor diferente em cada um dos dedos dos pés).

A intenção é preparar o corpo e a mente para conquistar os próprios objetivos. Cada uma das etapas da oficina ocorre de acordo com a constelação de cada grupo. O processo auxilia na ruptura de expectativas, encoraja a ação de pintar e orienta a concentração infantil para a liberação de si mesmas por intermédio das cores e formas que "acontecem" quase que inesperadamente. "O resultado surpreende os participantes, até mesmo os que nem costumam pintar", garante Sofia.

A diversão é o ponto ideal para motivar mutações saudáveis e eficientes na personalidade infantil ainda em formação. A utilização desta técnica de ensino conduz claramente a criança ou adolescente ao autoconhecimento e auto-estima. Os trabalhos são analisados um a um, dando ênfase ao ponto forte da individualidade pictórica e, assim, ajudando os alunos na experiência do reconhecimento social no grupo.

Sofia Camargo exemplifica: com freqüência, crianças com temperamento inquieto e superativas pintam freneticamente. O resultado é a pintura gestual, corajosa e forte, pois contestadores trazem em si a necessidade de ruptura. Ao enfatizar esses aspectos frente aos outros, a criança adquire outro referencial de atuação e respeito perante o seu grupo de convivência. Ou seja, tem a possibilidade de atuar em outra freqüência e sair do padrão já conhecido, evitando agressividades ou atos de violência oriundos de preconceitos, frustrações ou competitividade.

A análise individual integra cada um, com suas próprias características no grupo e exalta a importância das diferenças, pois, na realidade, todos são complementares. Isso fica claro e explícito na observação e no comentário sobre os trabalhos.

 

Sofia Camargo

Formada pela Escola Superior de Propaganda & Marketing, em São Paulo, Sofia Camargo tem 52 anos e traz em seu currículo aprendizagens que passam pelo caminho das artes visuais. Estudou cinema com Plínio Salgado, aquarela com Rubens Matuk, fez ateliê com Maria Bonomi. Nos anos 1980 saiu do Brasil para viver nas Ilhas Canárias e, por fim, seguiu para Berlim, na Alemanha, onde casou e mora até hoje. Seus interesses são amplos, a ponto de estudar caligrafia japonesa e modelo vivo na Escola de Belas Artes de Berlim, onde também estudou mais tarde com John Cage.

Realizou projeto no Himalaia, na Índia, onde estudou escultura em argila e, no fim dos anos 90, voltou ao Brasil, onde realizou até 2000 workshops para adultos e crianças. Com o apoio do Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), desenvolveu com crianças de rua o projeto Despertar. A partir de 2002 passa a atender convites de diferentes entidades privadas e governamentais interessadas na Kinder Kunst Galerie, um projeto temporário e ambulante realizado tanto em escolas, museus e instituições para menores na Alemanha.

Como artista, seu currículo aponta mostras coletivas e individuais. Já expôs, entre outros espaços, no Centro Cultural São Paulo; em Fuerteventura, na Espanha; na October Galley, em Londres, na Inglaterra; no Museum Dahlen Berlim; em BlaclightGallery, em Potsdamerplatz; na Galeria Art-Quadrat, em Munique; na embaixada brasileira em Berlim.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação/ Prefeitura de Rio Fortuna.